Monte sua própria composição de custos
Um orçamento é acima de tudo um “exercício de futurologia”. Nele o orçamentista busca prever todas as condicionantes de execução de uma obra para determinar antecipadamente quanto aquela obra irá custar. Muitas são as premissas, muitos são os cálculos, tudo em nome de reduzir a chance de imprecisão no orçamento. E nesse momento entra a composição de custos!
Durante o processo de orçamentação, a matéria-prima do orçamentista é a composição de custos unitários, que nada mais é do que uma tabela que sintetiza os insumos que entram na realização do serviço em questão. Seja, por exemplo, a composição de custos unitários para o serviço armação de aço estrutural CA-50:
O que esta tabela indica? Um monte de coisas. Veja abaixo o que se pode “ler” na composição:
- A produtividade do armador: como o índice é 0,10 h por kg de armação, a produtividade é o inverso do índice, ou seja, 10 kg/h;
- A proporcionalidade entre ajudante e armador: como os índices são iguais, há uma proporção numérica de 1:1 entre essas duas categorias;
- A perda do aço: se é necessário adquirir 1,10 kg de aço para cada kg de armação, isso significa que o orçamentista pressupõe uma perda de 10% nesse insumo.
Viu quanta informação está contida numa composição de custos?
Pois bem, agora pense nesse orçamentista aproveitando composições já prontas? Usando bancos de dados como o SINAPI, o SICRO, o ORSE, o TCPO, o da EMOP, etc. Será que essas composições são mágicas a ponto de servirem para toda e qualquer obra? É claro que não. A função de um banco de dados é ser referencial, ou seja, servir de base para um orçamento. Ou seja, sem representar uma verdade absoluta.
Numa construtora, o orçamentista pode até buscar uma composição referencial, mas terá que temperá-la com as condicionantes locais. Por exemplo, no exemplo da armação, a proporção de 1 ajudante por armador se verificou em outras obras da construtora? Essa proporção é realista? Será que não é possível alocar apenas 1 ajudante para cada 2 armadores, o que garantiria menos gente e uma economia de R$0,21 no custo unitário do serviço?
E quanto à produtividade? Veja que produtividade depende de uma série de fatores:
Um serviço de armação tem uma produtividade mais alta em uma obra com predominância de barras grossas e retas — como uma barragem ou um viaduto — do que em uma obra com muitas peças de barras finas e dobradas (por quê?).
Além disso, a repetitividade é um fator importante, porque quanto mais se faz de um serviço. Por outro lado existe um tempo há para a curva de aprendizado se manifestar.
Uma ideia da variabilidade de uma composição “fria” é o que nos mostra o TCPO para alguns serviços. O exemplo abaixo mostra o índice (h/m²) do serviço alvenaria de tijolo cerâmico furado. Veja como o índice é função de algumas características.
Equipamento de transporte vertical disponível | Quebras ou indisponibilidade de equipamento de transporte vertical |
Não preenchimento de juntas | Preenchimento de juntas verticais |
Densidade média da alvenaria/m² de parede/m² de piso | Densidade alta ou baixa da alvenaria/m? de parede/m² de piso |
Presença quase que exclusiva de paredes na altura usual | Presença significativa de paredes altas ou baixas demais |
Pouco tempo para executar um pavimento (prazos enxutos) | Muito tempo para executar um pavimento (prazos extensos) |
Paredes de espessuras pequenas | Paredes de espessuras grandes |
Baixa rotatividade | Alta rotatividade |
Pagamento conforme acordado | Falha no pagamento dos operários |
Material disponível | Falta de material |
Dica de ouro sobre Composição de Custos
Estabeleça em sua obra um sistema de apropriação de dados reais. Com isso você gera dados confiáveis de produtividade, podendo criar seu próprio banco de dados. Além disso, um processo bem criado permite identificar desvios, comparar equipes, controlar subempreiteiros e até servir de base para pleitos.
Fonte: www.buildin.com.br
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muito boa essa dica
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Muito obrigado pelo comentário Marcus!